A experiência estética constitui-se basicamente por um feliz encontro.
Ela não implica unicamente em absorver a beleza natural ou artística, por estarmos integrados à uma ou à outra, ou seja, não é a beleza da natureza nem o belo da arte que entra em nós; mas sim, nós é que penetramos nesses universos. Esta integração é possível porque a sensação estética é um sentir genuíno, aberto à natureza e à arte.
A experiência estética é uma sensação altamente subjetiva, tornando a realidade mais plena, dando novo sentido e significado às coisas, nos mostrando diferentes perspectivas sobre a própria realidade. Ela também, nos permite alterar a vivência do tempo nos conduzindo à um estado de esquecimento de nós mesmos, pois, se estamos muito envolvidos naquele determinado momento, não pensamos em nós, nem mesmo no que tempo que nos absorve.
O prazer estético é único e efêmero – não permanece nem se repete. É fruto do acaso, sendo leve e intenso. Não há como prever, com certeza, se vamos gostar ou não de algo, nem ninguém nos pode obrigar a gostar de alguma coisa.
Esse sentimento estético tem um carácter empírico, não é um conceito. Não é só a participação do nosso intelecto que afeta a percepção dos objetos, mas é todo o nosso ser que se torna afetado por eles.
Através do sentido mergulhamos na experiência estética. E através dessas experiências desenvolvemos o que podemos chamar de atitude estética, por significar aquilo que pode ser percebido pelos sentidos, sendo dotado de sensação.
O juízo analítico é o último grau do prazer estético e, com ele, nos comprometemos na valorização do objeto artístico. O juízo estético mostra a nossa intenção de valorar, ou diante da beleza natural, quando se trata de um objeto da natureza, ou a beleza da obra, quando se trata de um objeto estético criado.
O gosto é uma avaliação, que seleciona quando uma coisa é ou não é estética para nós, isto é, se nos comove ou não.
Pela análise estética queremos captar a intenção do artista nessa comunicação entre nós e ele, através da sua obra.
O juízo de gosto não é, portanto, um juízo de conhecimento; por conseguinte não é lógico, mas estético; quero dizer com isto que o seu princípio determinante é subjetivo.
A experiência estética pode desnudar o indivíduo por inteiro, com a sua estrutura orgânica, com os seus sentimentos e as suas emoções, mexendo com suas ideias e suas convicções, com a sua maneira de pensar e agir.
A arte nasce de um sopro vital, pois é filha da criação, assumindo imediata ludicidade, mas, também responsabilidade e compromissos sociais. Ela é capaz de mudar comportamentos, por lidar com a totalidade da vida, com as noções do belo e com os sentidos dos indivíduos acerca dela, como olhar, ouvir, o sentir o paladar, o toque, despertar o movimento corporal e ainda esculpir uma nova mentalidade ou tradição cultural. A ciência se faz por evidencias, mas a arte é simbólica e sensorial.
A ciência demonstra e a arte mostra. Uma lei científica só se efetiva se for comprovada em toda parte ou não será ciência. A expressão artística se amolda e se modifica de acordo com quem a exprime e ou a experimenta esteticamente. Em centenas de milhares de observadores que admiram uma obra de arte, não haverá sequer dois deles que a sintam exatamente da mesma forma.
O domínio da arte não está na comunicação da obra, mas sim, na percepção do eu individual.